
Volume 26, Edição 3 — Dezembro de 2023
O que queremos? Justiça climática! Quando queremos isso? Agora!
Por Irmã Beatriz Martinez-Garcia, Representante da ONU-ONG das IENS
Em 17 de setembro, cerca de 75.000 pessoas participaram da Marcha pelo Fim dos Combustíveis Fósseis na cidade de Nova York. Foi uma marcha intergeracional, interreligiosa e multicultural, na qual vozes se uniram para exigir a proibição do uso de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás, que fornecem 80% da energia mundial.
“O que queremos? Justiça climática! Quando queremos isso? Agora!” foi o cântico que os jovens entoaram durante toda a marcha. Isso ficou gravado em minha mente.
No caminho para casa, tentei imaginar o mundo sem combustíveis fósseis e usando energia limpa. Também me perguntei: o que acontecerá com todos os trabalhadores e suas famílias, cujo sustento depende do setor de combustíveis fósseis? O que substituiria todos os produtos feitos com derivados de combustíveis fósseis? Quais seriam as alternativas?
Em uma coletiva de imprensa em 15 de junho, António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, respondeu, de alguma forma, às minhas perguntas. Ele afirmou que o problema não era apenas as emissões de combustíveis fósseis, mas também os combustíveis fósseis. Ele também disse: “A solução é clara: o mundo deve eliminar gradualmente os combustíveis fósseis de forma justa e equitativa – passando a deixar o petróleo, o carvão e o gás no solo.”
O que você acha da resposta do Sr. Guterres? O que você gostaria de propor?

Na jornada da Conversão Ecológica pessoal
Defendendo a Mãe Terra
Por Irmã Jean Greenwald, IENS, Província do Pacífico Central
Em uma conferência da qual participei há muitos anos, ouvi a seguinte pergunta: “Quando você joga algo fora, onde está o lixo?” A pergunta me assustou e me levou às lágrimas. Imaginei nossa Terra engasgando-se e tossindo enquanto dizia: “Não consigo respirar!” Isso me perturbou em outra imagem que tive de nosso belo lar: enormes buquês formados das mais variadas formas de vida, provenientes da Terra, preenchendo espaços em todo o planeta… TUDO PRESENTE de nosso amoroso Deus. Eles estão morrendo; os buquês estão encolhendo! O que posso fazer a respeito disso?
Onde está o lixo? Essa pergunta me orientou a ser mais cuidadosa nas minhas práticas de compra, reciclagem e descarte. Meu ministério na Casa Geral em Roma é o serviço geral. Uma de minhas responsabilidades é comprar produtos para as necessidades pessoais e domésticas, bem como descartar itens que já não servem mais ao seu propósito. Tento evitar comprar plástico ou limitar a quantidade de produtos. Se for necessário, compro produtos de quantidade maior feitos de materiais recicláveis, que podem servir para outras finalidades. Eles reabastecem os recipientes menores comprados anteriormente. Roma tem um sistema de descarte para muitos produtos recicláveis. Eu conscientizo outros e a mim mesma sobre o que fazer/não fazer ao descartar itens para que tenhamos o máximo de sucesso possível ao colocar pequenas quantidades de lixo no “contêiner”-Terra.
A Mãe Terra é nossa defensora na vida. Eu devo retribuir a defesa dela. Quando ela morre, nós também morremos. Laudato Sí’ é bom para mim. “Há uma nobreza no dever de cuidar da criação por meio de pequenas ações cotidianas […] quando feito pelas razões certas, pode ser um ato de amor que expressa nossa própria dignidade.” (LS 211) Isso cala fundo em mim!



Projeto de Ecologia Integral
Ir. Susana Tomatti, IENS e Diego Garcia, Pastoral Escolar, Província da América Latina e Caribe
Iluminado pela Encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco, o Colégio Nossa Senhora da Glória, em Francisco Beltrão, Brasil, criou um Projeto de Ecologia Integral, que tem como objetivo desenvolver processos de ensino e aprendizagem fundamentados no conceito de Educação Integral.
Como Irmã Escolar de Nossa Senhora, que tem a Justiça, a Paz e a Integridade da Criação enraizadas em nosso carisma e tomando como referência os pilares da ecologia integral nas
Metas da Laudato Si’, buscamos aprofundar e compreender o papel de cada indivíduo na melhora das relações entre todas as criaturas do planeta.
Participamos da Semana Laudato’ Si exibindo o filme A Carta com os alunos. Promovemos diálogos e atividades sobre os temas abordados no filme. O ponto culminante dessa atividade foi um trabalho final no qual a 7ª série escreveu uma carta ao Papa Francisco expressando suas preocupações com a atual crise climática e dando recomendações para cuidar melhor da nossa Mãe Terra.
Entre as atividades do Projeto de Ecologia Integral, destaca-se também a criação de um Manto da Paz, feito com retalhos pintados por todos os alunos, que se tornou o símbolo de que a Paz é construída em conjunto, na busca pela unidade em meio à nossa diversidade. Conectado com o tema do Estação da Criação (Season of Creation): Que a justiça e a paz fluam como um rio poderoso), o manto de 72 m² foi inaugurado na fachada da escola para toda a comunidade, celebrando o Dia Internacional da Paz em 21 de setembro. Comprometidos com a Rede Shalom, assumimos a responsabilidade de cuidar uns dos outros e do nosso planeta por meio de ações que mobilizaram alunos, educadores, famílias e a sociedade em geral.
Veja mais em Gloria for a Culture of Peace (Procurem ver este
vídeo em seu idioma. Ao iniciar o vídeo, clique na ‘engrenagem’, depois clique em legendas e, em seguida, clique em tradução automática; selecione seu idioma).
Dia Internacional da Menina (IDG) – 11 de outubro
Por Irmã Beatriz Martinez-Garcia, Representante da ONU-ONG das IENS
O Grupo de Trabalho sobre Meninas convidou meninas de todo o mundo para expressar seus pensamentos por meio da Arte sobre o tema do IDG: Investir nos direitos das meninas: Nossa liderança e bem-estar.
Representantes do Canadá, Peru, Turquia, UNICEF e ONU Mulheres elogiaram as meninas por sua liderança e as incentivaram a continuar falando sobre suas esperanças, desafios e preocupações.
O IDG Summit foi uma combinação de participação presencial e virtual. Nossos alunos da Notre Dame High School em St. Louis, Missouri, EUA, participaram do evento on-line. Além disso, o Escritório das NU-ONG foi um dos patrocinadores do IDG Summit.
Embora o IDG Summit tenha terminado, a discussão continua. Você e seus amigos talvez queiram refletir sobre o seguinte: Como o mundo pode priorizar os direitos das meninas? Que medidas são necessárias para garantir o bem-estar e os direitos das meninas?

78ª Sessão Anual da Assembleia Geral
das Nações Unidas
Por Irmã Beatriz Martinez-Garcia, Representante da ONU-ONG das IENS
A Assembleia Geral é o principal fórum para todos os 193 membros das Nações Unidas discutirem questões internacionais em conformidade com a Carta da ONU. O tema deste ano é “Reconstruindo a confiança e revigorando a solidariedade global: Acelerando a ação na Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para a paz, prosperidade, progresso e sustentabilidade para todos”. Esse tema é um apelo a todos os Estados Membros para que renovem seu compromisso de não deixar ninguém para trás. Ele pede um multilateralismo global mais forte e estratégias inovadoras para colocar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de volta nos trilhos.
Os Estados Membros aprovaram declarações para atender às necessidades das pessoas vulneráveis: a) Luta contra a tuberculose, b) Cobertura universal de saúde, c) Coordenação para prevenir, preparar e responder a pandemias e d) Declaração da Cúpula dos ODS, que reafirma o compromisso de acelerar o cumprimento das 17 metas, das quais apenas 15% são cumpridas atualmente.
Apesar de o mundo estar passando por uma crise global multifacetada, fico pensando: Como essas metas inspiram e revigoram as comunidades? Como os ODSs oferecem esperança para os pobres e para o planeta? O Secretário-Geral da ONU declarou: “Os ODS não são apenas uma lista de metas. Eles carregam as esperanças, os sonhos, os direitos e as expectativas das pessoas em todos os lugares”.



Ações sustentáveis no Hospital São José
Por Irmã Isolene Lofi, IENS, Província da América Latina e Caribe
O Hospital São José, em Criciúma, Brasil, tem se preocupado com o cuidado integral do meio ambiente e está comprometido em envolver os colaboradores no cuidado vital das pessoas e do meio ambiente em nossa jornada para construir uma cultura de sustentabilidade integral. Compartilhamos a crença do Papa Francisco de que “a humanidade ainda tem a capacidade de trabalhar em conjunto na construção de nossa casa comum”. (LS 13)
Oferecemos treinamento contínuo para conscientização e avaliação, monitoramento e auditorias para verificar a eficácia de nossas ações em prol da sustentabilidade. Nosso Comitê do Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde monitora os resíduos desde a sua geração até a disposição final para reduzir o impacto ambiental. Itens não contaminados, como papel, vidro, papelão, plástico, eletrônicos, lâmpadas LED e ferro, são reciclados. Coletamos óleo de cozinha usado em parceria com a Bio Ole. Usamos internet verde sustentável e cabeamento elétrico, que é totalmente reciclável e feito de resina de cana-de-açúcar, reduzindo as emissões de CO². Ele também é retardador de chamas e livre de halogênio. Consumimos gás hidrocarboneto, que promove a queima limpa, evita emissões de gases de efeito estufa e fornece vapor para a lavanderia, aquecendo a água para chuveiros e cozinha. Nossa eletricidade é proveniente de fontes renováveis e comprada diretamente da produção local.
Temos testemunhado que, quando uma pessoa se conscientiza de como ela está interconectada com toda a criação e se sente amada, respeitada e cuidada, é provável que ela transfira tudo isso para seus relacionamentos de cuidado com a nossa Casa Comum. Há um grito doloroso de toda a criação, ecoando em todos os cantos do universo. Sabemos que ao continuar adotando ações responsáveis no presente, fará a diferença para um futuro sustentável para as próximas gerações.

10 de dezembro de 2023
“Espero que a iniciativa UDHR75 [75º, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos] … nos permita reacender o espírito, o impulso, a energia e a vitalidade que levaram à Declaração há 75 anos. A linguagem e o espírito da Declaração dos Direitos Humanos têm o potencial de superar divisões e polarizações. Ela pode fazer as pazes com a natureza, com nosso planeta, uns com os outros e apontar o caminho para o desenvolvimento sustentável para as gerações futuras. A luz da Declaração pode brilhar na vida cotidiana de indivíduos e comunidades em todo o mundo, em seus bairros, escolas, escritórios e nas ruas. Mas isso exige que a nossa geração, inclusive os jovens, dê nova vida à Declaração, se aproprie dela e a adapte para atender às necessidades de nosso tempo e aos desafios de nosso futuro. Em 2023, convido a todos no mundo inteiro a assumir a tocha dos direitos humanos e usá-los para forjar um futuro comum de dignidade, liberdade e justiça para todos.”
Volker Türk, Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos (vídeo)
O boletim informativo Shalom/ ONU-ONG é uma publicação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora,
via della Stazione Aurelia 95, 00165 Roma – tel. +39.06.6652.01 fax: +39.06.6652.0234.
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