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Reflexão Internacional sobre Solidariedade

Terminar com a Escravidão Moderna

Julho 2023

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Introdução

Antiescravidão Internacional define a escravidão moderna – “quando um indivíduo é explorado por outros, em benefício pessoal, político, social e comercial. Seja por trapaça, coação ou por força, a pessoa perde a sua liberdade. Isto inclui, mas não se limita ao tráfico humano, trabalho forçado, dívida.” A escravidão moderna toma muitas formas. Todas incluem controle, atos involuntários e exploração. É um fenômeno global e afeta em torno de 50 milhões de pessoas exploradas em todo o mundo, incluindo mulheres, crianças, migrantes e refugiados. A crise da mudança climática e as novas formas de escravidão se relacionam de maneiras diferentes.

Chamado à Oração

Senhor, apoia todos aqueles que estão comprometidos em confrontar todas as formas de escravidão moderna. Fortalece as organizações para que se oponham abertamente à injustiça e violência e defendem a dignidade humana. Abençoa os missionários que servem as pessoas que vivem na pobreza material, moral e espiritual.

Experiência

Um jovem, Pathamara, experimentou tremenda crueldade, tortura, coerção e rejeição em sua vida.  Quando ele nasceu, seu pai abandonou a família. No desespero e raiva, a mãe largou o recém-nascido num posto policial. Por causa disso, ela passou um tempo na prisão. A avó criou o menino, que, aos 14 anos foi sequestrado e forçado a unir-se aos rebeldes. Foi-lhe ensinado a lutar e matar, primeiro usando um machado e facão, e mais tarde uma espingarda.

Ele sentiu profunda falta da avó e da vida diária na vila e decidiu fugir. Infelizmente, sua primeira fuga falhou. Ele foi pego e trazido de volta para a base e sentenciado à morte. O comandante-chefe, a pedido de sua prima, que também havia sido sequestrada e usada como “amante” particular, poupou sua vida, mas ordenou que ele fosse severamente punido.

Pathamara perdeu completamente a consciência durante o flagelo. Quando recuperou a consciência, ele estava deitado no solo, coberto de sangue, com dor, moscas e outros insetos se alimentando de seu corpo. Ninguém veio para ajudá-lo, ou trazer água, ou pelo menos lavar suas feridas. Somente depois de duas semanas, ele foi capaz de se mover e novamente teve que obedecer a ordens para atacar, matar, roubar pessoas inocentes etc. Por dois anos e meio, ele esteve neste cativeiro desumano.

Ele decidiu realizar outra fuga. Seu desejo de ser livre era tão forte que ele venceu o medo e teve forças para viajar grandes distâncias e enfrentar terríveis dificuldades.  Ele rezou pedindo a ajuda e a proteção de Deus. Desta vez ele foi bem-sucedido.

Perto de casa, ele escutou que os rebeldes estavam matando pessoas na vila. Ele se escondeu na igreja e dormiu debaixo do altar. Quando os rebeldes deixaram a vila, ele, finamente chegou em casa. Quanta alegria ao saber que sua avó ainda estava viva! Em espírito de gratidão a Deus por salvar sua vida, ele se uniu ao grupo de oração e ao coral, tornou-se ativo na igreja e continuou sua educação escolar. Ele foi meu aluno no Instituto de Treinamento de professores em Yambio, Sul do Sudão. Fiquei impressionada com sua força de vontade e fé para desfazer-se das correntes da escravidão. Pathamara, que acabou de se formar, está convencido de que, por meio da educação, ele pode formar seus alunos para que vivam em paz, liberdade e dignidade e contribuam para a transformação do mundo.

Reflexão

“Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de que ela seja tratada como um objeto”. (Fratelli Tutti 24) A escravidão, em todas as suas formas, vai contra os direitos humanos básicos conforme descritos nas leis que apoiam nossas sociedades hoje. Os Artigos 1 e 4 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sem equívoco, lembram-nos destes valores: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” Aos olhos de Deus, cada ser humano é uma pessoa livre, homem ou mulher e é destinado a existir para o bem de todos, em igualdade e fraternidade. A escravidão moderna, em termos de tráfico humano, trabalho forçado e prostituição, tráfico de órgãos e qualquer relação que falhar no respeito à convicção fundamental de que todas as pessoas são iguais e têm a mesma liberdade e dignidade, é um crime contra a humanidade.

Convocamos o mundo para observar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 8 e 7, e usar todas as formas de aplicações e tecnologias legais em todos os canais nacionais e globais disponíveis para acabar com a escravidão, trabalho escravo, tráfico humano e trabalho infantil. (Joint Declaration of Religious Leaders Against Modern Slavery)

Nosso chamado IENS é colaborar em criar um mundo mais justo e mais humano, educando, defendendo e agindo em colaboração com outros para a dignidade da vida (O Amor dá Tudo). Nós somos desafiadas a assumir este chamado frente à terrível realidade da escravidão moderna.

O que Deus quer de nós? “Que pratiquem a justiça, amem a bondade e andem humildemente com o seu Deus” (Mi 6:8). Arrisque-se a defender a dignidade de toda a vida, libere a esperança e desperte a alegria, pois a dignidade humana é o horizonte da liberdade, da justiça e da paz. Esse é um chamado de Deus. Por meio de ações comuns, construiremos caminhos viáveis para a liberdade e a dignidade humana. À medida que nos tornamos cada vez mais conscientes da realidade nacional e internacional da escravidão moderna, devemos fazer justiça, amar a misericórdia e orar pedindo a Deus coragem e transformação para realizar ações concretas.

Ação

A escravidão moderna atinge a todos. Como podemos eliminá-la?

  • Educar-nos, aumentar a conscientização pública e trabalhar para abolir todas as formas de escravidão moderna.
  • Colaborar, trabalhar em rede, defender grupos, movimentos, organizações e outras religiões para impedir a escravidão, sarar e levar os perpetradores à justiça.
  • Pesquisar a rede de produtos sobre o que consumimos e escolher produtos de feira comercial.
  • Fazer campanha para a aplicação de leis que responsabilizem empresas e organizações.

Oração Final

Senhor Deus, que os perpetradores da escravidão moderna que espalham a civilização de morte se convertam. Fortalece a esperança e restaura a dignidade em toda vida. Mantém a chama da justiça e da paz acessas em nossos corações, para que nós nos comprometamos a dissolver as correntes que escravizam as pessoas. Amém.

 

Preparado por M. Elżbieta Blok, IENS, trabalhando no Sul de Sudão, da Província da Polônia para a Rede Internacional. Gráfico da Direção Orientação, 24º Capítulo Geral Design: Escritório de Comunicação Internacional.

 

                                                                                                           Tradução: Ir. Tarcísia Schwade (IENS)