

Reflexão Internacional de solidariedade
Mulheres, Meninas e Crianças
Março de 2021
Introdução
As crianças de hoje, em todo o mundo, tendem a viver em realidades muito desafiadoras. Algumas vivem sob a pressão de terem que ser pessoas bem-sucedidas em sociedades altamente competitivas economicamente, enquanto outras lutam para ter as necessidades básicas satisfeitas tais como comida, abrigo, saúde e educação. Não há tempo para brincar com os amigos. Elas não são livres para ser quem são; como resultado, elas perdem a confiança em si mesmas. Crianças cujos pais ou responsáveis não têm dinheiro ou a intenção de mandá-las para a escola, abandonam os estudos e levam uma vida “à margem”
para o resto de suas vidas. Muitas vezes se sentem abandonadas pela sociedade. Há uma grande preocupação com o número crescente de crianças que sofrem com a intimidação de colegas, assédio de professores e abuso dos pais.
Convite à Oração
Deus ama e cuida de todos, mas tem uma preocupação especial com os desamparados. As crianças são aquelas que não são capazes de expressar seus sofrimentos por causa de intimidação, assédio de um professor ou abuso dos pais. Muitas vezes, o sofrimento e a dor delas são invisíveis e geralmente elas precisam da ajuda de outras pessoas para sair de situações difíceis. Peçamos a Maria que reze conosco para que possamos ver e sentir o sofrimento das mulheres e das crianças e responder às suas necessidades.
Experiência
No ano 2004, Setsuko Tsuboi uma advogada japonesa, juntamente com outras pessoas, abriram um abrigo para crianças em Tóquio, Japão. No início dos anos 90, ela ainda jovem, trabalhava como advogada, com adolescentes que se tornaram delinquentes. Ela percebeu que não havia lugares seguros para eles irem quando fugiam de suas casas. Ela entrou em contato com uma senhora que dirigia um Abrigo para Mulheres e perguntou sobre a possibilidade de abrir um Abrigo para Crianças. A senhora lhe deu conselhos. Existem dois grandes obstáculos para a criação de um Abrigo para Crianças. Se você aceitar um menor em seu abrigo, você poderá ser acusada de sequestro pela pessoa que tem a custódia legal do menor. O segundo obstáculo, é a dificuldade financeira para administrar um Abrigo para Crianças. Um menor geralmente foge de casa sem nenhum dinheiro, enquanto uma mulher adulta pode ter algum dinheiro para se sustentar. Se você planeja administrar um abrigo para crianças, deve estar financeiramente segura para poder atender as necessidades do abrigo. A criação de um abrigo para crianças parecia ser uma barreira bastante alta.
Em 1994, quando o governo japonês ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, o “Comitê de Direitos da Criança e do Adolescente” da Associação dos Advogados de Tóquio iniciou o “Projeto Brincadeira”. O qual visava criar e apresentar anualmente uma peça de teatro como forma de compartilhar as realidad es dos sofrimentos das crianças, com a sociedade em geral. Os advogados convidaram crianças com quem haviam trabalhado, para participarem do “Projeto Brincadeira”. Setsuko Tsuboi foi o roteirista dessas peças. Em 2002, ela escreveu uma peça sobre o sonho de um abrigo para crianças. Através da peça, seu sonho de criar o Abrigo Infantil Shethe foi compartilhado com mais pessoas e o Comitê Preparatório do Abrigo Infantil começou a trabalhar. O Comitê se reunia mensalmente para tentar superar todas as barreiras, uma a uma cada. Por exemplo, cada criança tinha um advogado encarregado de protegê-la, e os honorários advocatícios eram pagos pelo Sistema de Auxílio Judiciário Infantil, que foi criado com as taxas de filiação dos advogados. Por meio da união de profissionais de diversas áreas da sociedade, o Abrigo Infantil foi inaugurado em 2004.
Foi o primeiro passo, mas foi um passo muito importante. Agora, existem mais de vinte abrigos no Japão. Também era importante institucionalizá-los e continuar a desenvolvendoos. No entanto, para lidar com o sofrimento das crianças, essas ações não são suficientes. Elas não vão eliminar o sofrimento das crianças. Como Setsuko Tsuboi trabalhou com crianças, ela aprendeu duas coisas. Uma era admitir que não poderia salvar todas as crianças, mas poderia ficar com elas e rezar por elas para que pudessem viver. A outra é que as crianças precisam passar por um processo de cura e recuperar a confiança.
É muito importante que os funcionários do abrigo infantil, advogados, enfermeiros, médicos e voluntários, compartilhem os mesmos princípios básicos / filosofia ao trabalharem com crianças. Primeiro, é bom você ter nascido. Você é bom como você é. Em segundo lugar, você não está sozinho. E terceiro, você pode escolher seu próprio caminho e andar como desejar. Eles repetidamente reforçam essas ideias ao trabalhar com as crianças.
(Retirado de “Crianças cujos direitos são retirados – direitos da criança do ponto de vista da pobreza” editado por Tomisaka Christian Center, publicado pela Editora Kyobunkan Christian; artigo 5 por Setsuko Tsuboi “Crianças que não têm lugar para ficar esta noite – realidade do Abrigo para Crianças”)
Reflexão
O que mais a tocou no trabalho de Setsuko Tsuboi? E o que você aprendeu?
Você já fez a experiência de trabalhar com crianças que passaram por grande sofrimento e dor? Se sim, o que você fez? De que forma você as ajudou ou as capacitou? O que você aprendeu com essas experiências?
Enfrentando Covid-19 e outras pandemias em nosso mundo hoje – fome, deslocamentos, falta de acesso à educação, mudança climática e violência – o que somos chamados a fazer concretamente em nossas áreas locais, especialmente por mulheres e crianças?
Ação
Faça uma escolha concreta em seu estilo de vida que reflita sobre uma resposta ao clamor dos pobres e da terra.
Colabore e trabalhe em rede com outras pessoas na luta por justiça para com mulheres e crianças.
Encontre ou crie oportunidades para aprender sobre as realidades de sofrimento de mulheres e crianças:
convide pessoas que trabalham com mulheres ou crianças que sofrem para
compartilhar suas experiências;
leia notícias e alguns livros para aprender sobre essa realidade;
encontre maneiras de ter contato direto com mulheres e crianças que sofrem.
Encontre maneiras de ser uma voz que defende as necessidades de mulheres e crianças.
Oração Conclusiva
Deus Trino, tu que criastes todos os seres humanos iguais em dignidade. Em nosso mundo repleto de pessoas que sofrem por causa da fome, pobreza e violência, derrame em nossos corações o teu amor. Inspire-nos a ações de diálogo, justiça e paz, enquanto educamos, defendemos e agimos em colaboração com os outros. Que nossos corações sejam abertos a todos os povos e nações da terra. No espírito da Bem-aventurada Teresa de Jesus, possamos
viver a missão no coração do mundo como mulheres de paz, esperança e amor.
Preparado por Irmã Judith Kamada, IENS, Kyoto, Ramo de Shalom do Japão Ásia/Oceania para o Escritório Internacional de Shalom, Roma, Itália