

Internacional Reflexão sobre solidariedade
Paz justa e não-violência evangélica
Setembro de 2023
Introdução
A paz justa é o compromisso mútuo e a busca da igualdade e da justiça social. Ela trabalha para prevenir ou interromper a violência e construir uma paz duradoura e sustentável. Os princípios da paz justa incluem a proteção da vida humana, a dignidade e o bem comum, a intenção certa, a participação política inclusiva, a restauração, o relacionamento correto, a reconciliação e a sustentabilidade. A não-violência é a prática pessoal de não causar danos a outras pessoas em nenhuma circunstância. A paz justa e a não-violência evangélica estão todas enraizadas no AMOR.
Chamado à oração
Deus Trino, Fonte de amor, abre e alarga nossos corações e torna-nos em novas criaturas do teu amor. Palavra de amor, ensina-nos a amar e a ser a presença de cura necessária em nosso mundo, hoje.
Espírito de amor, liberta-nos para nos desapegar, arriscar e nos tornar testemunhas proféticas da comunhão universal.
Que a Bem-Aventurada Madre Teresa, mulher de amor, nos acompanhe nesta caminhada de transformação, buscando sempre conhecer e fazer a vontade do Amor. (Oração das IENS para 25º Capítulo Geral)
Experiência
Toda a criação é formada e se desenvolve com base na harmonia e na interconexão à imagem de nosso Deus Trinitário e Amoroso. Ao refletirmos e orarmos sobre a Paz Justa e a Não Violência do Evangelho, talvez alguns de nós estejam enfrentando, ou estejam no meio de situações violentas. Palavras duras, ações prejudiciais, tratamento abusivo, relacionamentos destrutivos, armas de guerra ameaçadoras, indiferença ao sofrimento e silêncio opressivo têm o potencial de causar violência ao espírito humano e ao ambiente natural. Quando a harmonia é interrompida pela natureza ou pela força humana, muitas vezes o resultado é a violência. Entretanto, o espírito humano, por natureza, anseia e busca a paz e a felicidade.
A violência é destrutiva para si mesma e para os outros e pode manifestar-se de várias formas. Preparar essa reflexão me ensinou que a violência não é algo “lá fora” a ser evitado, mas algo que deve ser reconhecido dentro de nós mesmos. Quando me aproximei dessa tarefa, sempre dizia a mim mesma que não tinha recursos para esse tópico e que não sabia por onde começar. Passei semanas tentando me concentrar e não cheguei a lugar algum. Minha autocrítica construiu uma barreira e impediu a criatividade. Eu estava agindo com violência contra mim mesma. Esse é um hábito que se formou em mim e precisa ser resolvido. Quando finalmente consegui lidar com minha autocrítica negativa e deixá-la de lado, senti a criatividade do Espírito me movendo para frente e as ideias começaram a se unir e a fluir no papel.
Uma de minhas irmãs foi secretária em sua paróquia local por quase 25 anos. Ela adorava seu ministério e tinha uma personalidade gentil e uma maneira de se relacionar com os outros que era realmente focada no outro. Um novo pastor foi designado para a paróquia para reduzir o orçamento. Uma das primeiras coisas que ele fez foi demitir minha irmã da equipe da paróquia. Por causa de seus muitos anos de serviço, ela tinha o salário mais alto. É claro que não houve intenção de prejudicar ninguém, mas o anúncio repentino e abrupto não foi fácil de receber. Embora tenha sentido a dor e a perda de um cargo e de contatos diários que adorava, ela rapidamente renovou seu compromisso com a paróquia como catequista. Ela também se tornou uma voluntária regular no comitê de serviços sociais. Vários paroquianos lhe perguntaram: “Depois de anos de serviço dedicado na paróquia, como você pode continuar trabalhando com um pastor que a demitiu de forma tão abrupta?” Em vez de uma resposta negativa, ela transformou sua energia e seu amor pela paróquia em uma nova via de serviço. Seu exemplo e sua atitude sempre foram uma inspiração para mim e, sem dúvida, para muitas outras pessoas que a conhecem. Sua maneira não violenta, gentil e amorosa com a família, colegas de trabalho e amigos é um testemunho cristão de não violência. Rezo para caminhar ao lado dela e em solidariedade para com ela e com muitos outros homens e mulheres que continuam a missão de Jesus com amor e compaixão em suas vidas diárias.
Reflexão
Em um vídeo curto em 31 de abril, no 60º aniversário da publicação da encíclica do Papa João XXIII “Pacem in Terris”, o Papa Francisco declarou: “Viver, falar e agir sem violência não é se render, perder ou desistir de nada, mas aspirar a tudo.” Ele nos convida a desenvolver uma cultura de paz, fazendo da não violência um guia para nossas ações na vida cotidiana e nas relações internacionais. Ele nos convida a rezar e trabalhar por uma cultura de não violência mais difundida. Individualmente e juntos, podemos ser instrumentos de paz, viver e apoiar a paz e não a guerra, a harmonia e não o conflito, o diálogo sincero e não palavras prejudiciais.
Seguindo o exemplo de Jesus Cristo, há muitos profetas modernos que testemunharam a não violência. Da mesma forma, ao permanecermos abertos, podemos ser formados e transformados pelas Escrituras ao lermos, refletirmos, orarmos e vivermos de acordo com elas. Também podemos comover-nos com os ensinamentos de Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5: 38-48), a compaixão e a justiça oferecidas à mulher apanhada em adultério (João 8:1-11), sua abertura para ser influenciado por uma mãe pagã (Mateus 15:21-28) e sua resposta ao criminoso que estava morrendo na cruz perto dele (Lucas 23: 39-43). Assim como Jesus ofereceu sua própria vida por amor a nós, Ele nos chama a viver a convicção de que o Amor dá tudo sem condições ou reservas. Ele nos envia em uma missão com a certeza de que Ele está conosco até o fim dos tempos.
Ação
Podemos perguntar-nos hoje:
- Neste momento de minha vida, o que nutre meu coração, o que preenche meus pensamentos e motiva meus compromissos?
- Jesus e seu modo de vida não violento fazem diferença em minha vida?
- Quando e como compartilho a alegria da não violência do Evangelho com outras pessoas?
- De 21 de setembro a 2 de outubro são os Dias de Ação Católica pela Não Violência. Considere:
- Assumir o compromisso de orar e agir em solidariedade para com alguém ou um grupo de pessoas que estejam sofrendo injustiça em sua região (refugiados, pessoas maltratadas, idosos abandonados e prisioneiros).
- Reze e trabalhe para entender melhor alguém ou um grupo que o deixa confuso, irritado ou com raiva.
- Se possível, convide alguém para um diálogo aberto e em espírito de oração a respeito de suas diferenças.
Oração de encerramento
Senhor, conduze-nos da morte para a vida, da falsidade para a verdade. Conduze-nos do desespero à esperança, do medo à confiança. Que a paz preencha nossos corações, nosso mundo e nosso universo. Que possamos sonhar, orar e trabalhar juntos para construir um mundo de paz e justiça para todos. Que meu coração perdoe sem limites. Que meu amor pelo amigo, inimigo e excluído seja sem medida. Que minhas necessidades sejam poucas e minha vida simples. Que minhas ações testemunhem a não-violência do Evangelho. Amém!
(Cf. Song Lead Us from Death to Life, de Satish Kumar e Marty Haugen)
Preparado pela Irmã Leetta Hammack, Província da América Latina e Caribe
para a Rede Internacional Shalom. Gráfico extraído da Declaração Direcional, 24º Capítulo Geral.
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