Deus Conduz

Em 12 de outubro de 2020, quatro irmãs, de quatro partes da Congregação, chegaram a Juba, Sul do Sudão, para iniciar uma nova parceria missionária com os Frades Franciscanos na Paróquia da Santíssima Trindade, em Juba, e com os Missionários Combonianos em Old Fangak. Aqui eles compartilham algumas reflexões de sua experiência.

***

Irmã Ruth Karina Ubillús Agurto (ALC)

Não é por acaso que eu estou no Sul do Sudão. Deus me conduziu até aqui. Eu experimento a vida em Juba como um movimento circular de aprendizagem diária, aprendendo, amando e abraçando. É preciso tempo para aprender a viver em uma nova cultura. O que é mais necessário é OUVIR, escutar para aprender os caminhos das pessoas, a fim de descobrir juntos a melhor maneira de nos amarmos uns aos outros. Aprendi que o que eu chamo de minhas “boas iniciativas” são simplesmente sementes semeadas. Se elas tiverem que dar frutos, isso será no tempo de Deus, pois o ritmo de Deus se dá motivando, não impondo. A missão se torna visível em pequenos gestos: um sorriso, um aperto de mão, uma saudação, um abraço amoroso nas crianças.

Estes pequenos encontros humanos abrem-me para ter confiança, ajudam-me a ser sensível. É surpreendente como a dignidade das pessoas pode ser restaurada com pequenos gestos de amor e de proximidade. Depois disso, as portas se abrem para caminhar e trabalhar juntos.

Olhando para trás, há quase dois anos em Juba, estou maravilhada e agradecida pela forma como Deus trabalha em minha vida e na vida do povo. O importante aqui é o SER e isso é o meu desejo – ser uma real presença amorosa de Deus que ama imensamente. Diariamente, eu preciso de espaço em minha vida para tornar o Amor visível para aqueles que caminham comigo. O amor é o agente transformador.

Irmã M. Dominica Michalke (BY)

Quero focalizar aqui as experiências de insegurança, mudanças e surpresas na vida diária e no ministério. Sou uma pessoa que gosta de saber com antecedência o que está por vir, de planejar e organizar bem as coisas.  No entanto, aprendi que isto não é a realidade aqui.

No entanto, aprendi que isto não é uma realidade aqui. Você tem planos – e eles não funcionam. Você faz um acordo com alguém – mas ele não é levado tão a sério como você achou.  Você tenta organizar algo – mas tudo leva muito mais tempo e inclui muitos desafios.  Você quer fazer algo – mas as coisas não estão disponíveis. Muitas vezes a realidade da falta de infraestrutura contribui com o desconhecido.

O desafio de lidar com esta realidade me chamou a ser mais paciente, me convidou muitas vezes a abandonar minha maneira de pensar ou planejar, a minimizar minhas expectativas e a tentar entender como as pessoas estão funcionando nesta cultura.

 Irmã Rose Ngacha (AF)

Durante o último ano e meio no Sul do Sudão, tenho ensinado educação religiosa cristã e Kiswahili [língua nativa da África Oriental] através do Movimento de Jovens Missionários. Também trabalho em um orfanato que me traz grande alegria e também desafios.

Mas o apelo de Vós Sois Enviadas é ainda mais profundo: “Nossa internacionalidade nos desafia a testemunhar a unidade num mundo dividido; a descobrir caminhos até hoje desconhecidos para partilhar o que temos, especialmente com os pobres e marginalizados… e a procurar novas possibilidades na Igreja universal.” (VSE C 26) Como uma comunidade intercultural, nos esforçamos para ser uma só mente e um só coração, compartilhando uma profunda compreensão e respeito por nossas variadas culturas e visões de mundo. Esta não é uma tarefa fácil.

Algumas vezes defendemos nossas opiniões e chegamos a conclusões que trouxeram desconforto para a comunidade. Mas crescemos e agora há um intercâmbio mútuo de ideias e normas culturais, fortalecendo nosso vínculo como Irmãs Escolares de Nossa Senhora. Isto só tem sido possível através da oração e do diálogo. …

Os frutos de nossos esforços para viver como uma comunidade intercultural também enriqueceram nosso ministério. De nossa parte, somos diariamente enriquecidas por aqueles que encontramos. Ao entrar no orfanato todos os dias e ouvir os gritos de boas-vindas das crianças enquanto elas correm para o portão para me cumprimentar e pedir abraços, me enche de gratidão. Naquele momento, todos as minhas preocupações são deixadas no portão enquanto compartilho meu dia com as crianças. Eles são uma verdadeira bênção e eu me pergunto como suas mães podem viver sem eles. Elas me lembram do chamado para vir diante de Deus com a simplicidade das crianças, para nos abrirmos e sermos abraçados por nosso Criador.

Irmã M. Teresa Lipka (PO)

Me abrindo …me doando/oferecendo…

para realizar o desejo de Deus

Isto é fundamental para mim.

Silêncio… oração… reflexão…

no ministério cotidiano…Desafios…

Deus me guia através de Sua Palavra dia após dia.

 É leve para mim. Isso é consolação. …

Eu ofereço … a mim mesma ao Deus Trino, ao povo de Deus…

Deus me trouxe e me guia aqui…

No Sudão do Sul… em Old Fangak…

Deus está aqui… Deus conduz o povo aqui…

 Deus os abre…
Deus os transforma…

e me transforma.